Mais uma entrevista da nossa querida Christiane Torloni, falando sobre a experiência de ter feito Chico Xavier
Como é sua personagem?
A Glória é uma personagem difícil, pois ela narra o ápice de uma dor. Um personagem que não dá descanso. Esta história toda de uma família estar envolvida com outra e um assassinato acontece desagrega toda a amizade entre as duas famílias. Se perde. A passagem da Glória e do Orlando ao longo do filme é um clímax de uma dor.
Qual é a importância do Chico Xavier para o Brasil?
O Chico transcende as fronteiras da matéria. Ele é importante para as pessoas que nem sabem quem é ele. A sua palavra já tocou tantas pessoas… Eu tive a oportunidade de, em 1994, fazer um trabalho inspirado na Doutrina Espírita (a novela A Viagem). Na época existiam 7 milhões de espíritas inscritos. Hoje, todos os espiritualistas se sentem comovidos com a fala do Chico. É de uma bondade, um consolo. Quando vimos novamente A Viagem, pudemos perceber o tamanho consolo, tamanha palavra. O sentido de um trabalho como este é confortar as pessoas. Ela dá a certeza desta falta de permanência e de que a morte não é o fim, isso é interessante, pois você vê isso no catolicismo. A vida parece uma gincana em que você diz: “Caramba, quando é que se respira?” Tem momentos em que a arte é esta respiração.
Daniel Filho diz que é um ateu convicto, mas está dirigindo um filme sobre um mito do espiritismo…
Acho isto ótimo para o filme, pois assim ele mostra mais neutralidade. Não cai na armadilha da fé. Allan Kardec não caía nesta de espiritismo, ele dizia que era besteira, mas nós vimos no que deu. Este filme vai dar certo por isso, acho que ele olha com distanciamento, que ajuda. O importante não é tocar quem acredita, mas sim levar a mensagem a quem não conhece. Chico era um homem que tinha uma alma tão sensível que é difícil não comover. As pessoas que não acreditam em nada parecem estar atrás do muro. Não sei se o Daniel é assim com todo mundo, mas às vezes parece que ele depôs as armas dele.
Como foram as cenas com a Cássia Kiss?
Eu acho que mais do que uma briga, tem um encontro lindo. A cena do tribunal é muito forte e começa pelo fim. Começar o filme pelo fim é complicado. O Daniel entendeu que, mais do que uma briga, são duas mães se consolando. Na cena do tribunal as duas estão se consolando, pois, por mais que o menino fosse condenado, um deles estava vivo. Existe um abismo intransponível entre a vida e a morte. A Elis cantava uma canção em que ela dizia que o amor é meio ermo, mas a morte não. Este é o sentido de uma mãe consolando a outra. Se o filho está mais ou menos preso a gente vê, mas ele não pode estar mais ou menos morto.
Qual é a sua filosofia religiosa?
Acredito em Deus sobre todas as coisas. A fé, para mim, é um rochedo, um escudo e um refúgio. Não importa o nome que isso tenha, ao longo da vida as pessoas vão buscando. A gente precisa de muitos elementos, muitas alegorias de coisas externas para conectar o que há dentro. É como se precisássemos de um relógio para saber que o tempo passa. Há pessoas que têm esta observação de uma maneira natural, tem outras que não, que têm de superar várias barreiras internas. Fui criada dentro do catolicismo, logo fui percebendo que a palavra de Cristo é incrível. Tomaria muito chope com ele na vida. Ele era um guerreiro. Ele queria que tudo melhorasse. Percebo que a palavra do Buda e de Jesus tem muitas correlações.
Acompanhe ainda as entrevistas de: Marcos Bernstein, o roteirista; Letícia Sabatella, a Maria, mãe de Chico Xavier; André Dias, o Emmanuel, guia espiritual de Chico Xavier.
Fonte: Blog Luz Espírita
POSTADO por BIA =)
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